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Indъstria e Industrializaзгo em Moзambique:
Anбlise da Situaзгo Actual e Linhas Estratйgicas de Desenvolvimento


Industry and Industrialization in Mozambique:
Analysis of the Current Situation and Future Strategic Development Directions


Carlos Nuno Castel-Branco1
cn.castelbranco@tvcabo.co.mz

Agosto de 2003

Posted with permission of the author
[Documento completo - 204Kb ~ 1 min (46 pages)]     [ Share with a friend  ]

Abstract

This paper, in Portuguese, analyses the trends and dynamics of industrialization in Mozambique over the last four decades. It aims at identifying the major characteristics of industrial development that has been taking place in Mozambique, whether they have changed significantly over the years, what are the major sources of industrial dynamics, and what are the implications for policy.

The paper relates the process of industrialization in Mozambique and the integration of the Mozambican economy within the regional economic system of Southern Africa, which is particularly influenced by the dynamics of the minerals-energy complex of South Africa and oligopolistic competition.

Drawing from the analysis of the process of industrialization, the paper also develops some policy challenges for future transformation of the process of industrial growth into a process of industrialization and socio-economic development in Mozambique.

This paper is an extension and development of a background paper on industrial development originally written for the "Agenda 2025, a long-term vision for the development of Mozambique".



Notas Introdutуrias e Quadro Analнtico

Industrializaзгo e desenvolvimento sгo relacionados, na literatura econуmica, por intermйdio de trкs ligaзхes fundamentais: a indъstria como engenho do desenvolvimento estrutural da economia; as vantagens criadas pelas capacidades industriais para os processos de internacionalizaзгo; e o papel da indъstria na libertaзгo e absorзгo de recursos excedentбrios de outros sectores, em especial dos sectores de inferior produtividade.2

Industrializaзгo й entendida como um processo de transformaзгo da base estrutural e das dinвmicas sуcio econуmicas de acumulaзгo, atravйs do qual as conquistas da ciкncia e tecnologia sгo aplicadas a todas as esferas de organizaзгo das cadeias de produзгo e valor; a qualidade dos factores se desenvolve substancialmente; estes factores sгo transferidos para os sectores e processos de maior produtividade e sinergias; e a sociedade evolui do auto emprego para processos dominantemente sociais, colectivos e cooperativos de trabalho.

Industrializaзгo funciona como engenho de desenvolvimento na medida em que: (i) gera tecnologia, conhecimento tecnolуgico e mйtodos mais avanзados de organizaзгo e gestгo, os quais tornam irreversнveis os avanзos na produtividade e possнvel a concretizaзгo dos avanзos na inovaзгo e pesquisa cientнfica; (ii) o seu impacto no crescimento e desenvolvimento econуmicos й substancialmente maior do que o seu contributo percentual para o PIB e para o emprego directo, por via da transmissгo, para a economia e para a sociedade como um todo, dos ganhos de produtividade e dos avanзos tecnolуgicos registados na indъstria, e pelo emprego indirecto criado por via das ligaзхes de crescimento potenciadas; (iii) articula a economia atravйs das redes de fornecedores e consumidores, redes de cooperaзгo inter empresarial e inter industrial, e ligaзхes dinвmicas de crescimento desenvolvidas em torno de cadeias sуcio econуmicas de produзгo e valor, atravйs das quais as dinвmicas de produtividade, qualidade, organizaзгo e inovaзгo sгo transmitidas para a economia como um todo; e (iv) por efeito combinado dos factores anteriores, potencia a criaзгo de novas dinвmicas, capacidades e padrхes de desenvolvimento, novos sectores, produtos e processos, e novos standards e pontos de referкncia em torno e ao longo dos quais a economia se pode desenvolver, independentemente dos limites impostos pelas suas vantagens comparativas estбticas iniciais.3

Em relaзгo com os pontos anteriores, a industrializaзгo potencia a capacidade da economia tirar proveito de, e influenciar, dinвmicas regionais e internacionais de desenvolvimento. A economia pode, assim, evoluir de um estado de constante pressгo para se ajustar a choques internacionais e estabilizar, para um em que se torna parte activa de dinвmicas positivas de crescimento, inovaзгo e desenvolvimento.4

Finalmente, um outro papel fundamental do processo de industrializaзгo й absorver os factores e recursos libertados pela dinвmica de desenvolvimento. Num sentido, mais restrito, isto significa absorver produtivamente na indъstria e serviзos relacionados os factores (em especial a forзa de trabalho) que sгo libertados pela reestruturaзгo e aumento da produtividade na agricultura e outros sectores. Num outro sentido, mais amplo, isto tambйm significa que excedentes, novos factores e novas capacidades sгo crescentemente integrados nas dinвmicas fundamentais а volta das quais os ritmos e a qualidade do crescimento e desenvolvimento aceleram e progridem, pelo que os benefнcios do crescimento e desenvolvimento podem ser amplamente partilhados.5

Estas consideraзхes teуricas tкm em vista fornecer um quadro analнtico em torno do qual a discussгo sobre industrializaзгo em Moзambique possa ser feita. Neste contexto, essas consideraзхes teуricas permitem avaliar, pelo menos qualitativamente, atй que ponto existe um processo de industrializaзгo dinвmico, sustentбvel e progressivo em Moзambique; isto й, atй que ponto a indъstria, em Moзambique, funciona como engenho de desenvolvimento da economia e da sociedade como um todo. Uma outra questгo й que tipo(s) de processo(s) industrial(ais) ocorrem em Moзambique e que impacto dinвmico e estrutural podem ter para a economia como um todo.

O padrгo de industrializaзгo em Moзambique terб um carбcter dinвmico, sustentбvel e progressivo na medida em que transforma e fortalece ligaзхes econуmicas e sociais, acelera o crescimento, desenvolve a capacidade de a economia nacional participar positivamente na economia mundial, e fortalece as capacidades econуmicas identificadas por via de alguns indicadores macroeconуmicos chave.

Hб restriзхes уbvias de tempo, espaзo e recursos (em especial informaзгo com suficiente detalhe, consistкncia e abrangкncia) para a anбlise que pode ser feita nesta comunicaзгo. Por isso, a anбlise vai circunscrever-se a alguns pontos seleccionados sobre as caracterнsticas da indъstria e dos processos de acumulaзгo na economia Moзambicana, e, com alguma incerteza, vai centrar o debate em torno do que pode ser inferido dessa anбlise.6


As notas:
  1. Prof. Doutor, docente na Faculdade de Economia da Universidade Eduardo Mondlane em Maputo. cn.castelbranco@tvcabo.co.mz. Versгo adaptada, modificada e expandida de uma artigo de anбlise feito no quadro do processo de elaboraзгo da Agenda 2025.
  2. Fine and Rustomjee 1996, Kaldor 1967 e 1957, Lucas 1990 e 1988, Nelson and Pack 1999, Weiss 1985.
  3. Amsden 1989, Boon 1982, Chandler et all (eds.) 1998, Chandler et al (eds.) 1997, Freeman and Hagedoorn 1994, Hirakawa (ed.) 2001, Hirschman 1981 e 1958, Leahy and Neary 1999 e 1994, Ocampo and Taylor 1998.
  4. Amsden 1997, 1994 e 1993, Bayoumi and Helpman 1996, Eaton and Kortum 1996, Gore 1996, Greenaway 1991, Rodrick 1995 e 1992, Shirai and Huang 1994, Wangwe 1994 e Wangwe (eds.) 1995.
  5. Dasgupta 1980, Hirschman 1958, Kaldor 1967 e 1957, Nelson and Pack 1999, Stiglitz 1996.
  6. Esta anбlise й desenvolvida em torno de quatro artigos, nomeadamente Castel-Branco 2002a, 2002b, 2003a e 2003b.


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